quarta-feira, 2 de março de 2016

Será que a infância de ontem é mesmo melhor do que a de hoje?

Boa noite, leitores

Como já escrevi por aqui no meu primeiro post, já sou um senhor de idade. Digamos, bem vivido.
Claro que cresci longe de tudo isso: internet, blogs, redes sociais. Mas não estou aqui para dar aquele típico discurso de que "cresci brincando nas ruas, de bola e carrinho de rolimã".

De fato, foi o que aconteceu. Mas assim como aconteceu para mim, aconteceu para 99% das pessoas da minha idade. Então não se trata de nenhuma novidade e não me faz melhor do que ninguém.

Esse discurso de que nossa época foi melhor e de que crianças de hoje não são tão felizes quanto as crianças de antigamente não e necessariamente absolutamente correto.

Crianças de antigamente tiveram sim suas vantagens: de fato brincar na rua e ter a liberdade de correr por todos os lados é um grande ponto positivo. Além disso, a ausência de tecnologias nos obrigava a sermos mais criativos e ativarmos mais nossa imaginação. Nem tudo era dado mastigado para nós e, por esse motivo, tínhamos que nos virar.

Porém, nem tudo era um mar de rosas.

Citemos, por exemplo, a concepção de família na nossa época. Os pais (refiro-me aos homens) não eram de fato presentes na família. Certamente, em famílias minimamente estruturadas, os homens davam aos seus entes tudo que lhes era necessário: comida, casa, educação e bem estar. Porém, hoje em dia, a concepção de um "bom pai" vai muito além disso.

Não me recordo um dia sequer de meu pai ter sentado e brincado comigo. Não me recordo de ter dado mamadeira ao meu filho. Afinal, isso era uma função puramente da esposa.

E, confesso: hoje em dia fico de fato encantando ao ver meus filhos e genros cuidando de meus netos. Eles são extremamente presentes, dão banho, trocam fralda, colocam pra arrotar. Passam horas cantando canções de ninar e sentam no chão para brincarem com seus filhos.

Muito se cobra dos pais atualmente. Muitas revistas e grandes websites voltados ao público mães/pais realçam diariamente que a vida corrida dos pais não os permite que deem a devida atenção aos seus pequenos. Mas, acreditem: a sociedade está em constante evolução. E esse é um dos pontos que evoluiu. Por mais que critiquem a situação atual, de forma geral, está muito melhor do que já foi.

Outro ponto a se destacar é a escola. A extrema falta de pedagogia (comparando aos padrões de hoje) nos fazia sofrer. Castigos abusivos e humilhantes, como o famoso chapéu de burro ou simplesmente nos deixar uma aula inteira olhando para a parede de pé eram práticas comuns. Isso gerou muitos adultos inseguros, que não conseguiam enxergar outra forma de tratar as próximas gerações.

Também não podemos ser tão radicais e dizer que as crianças de hoje em dia só ficam em video games, tablets e televisão. Isso só é verdade se a criança não frequentar a escola.

Atualmente, as escolas estão cada vez mais preocupadas em disponibilizar atividades lúdicas e que incentivam a criatividade e a interação social. Coisa, aliás, que não existia na minha época. Escola era lugar simplesmente de ficar sentado quietinho e abaixar a cabeça para a professora. Só éramos criativos pela necessidade, e não pelo incentivo que recebíamos para isso por profissionais preparados.

Espero ter mudado um pouco a mentalidade de quem acha que "o mundo está perdido". Afinal, basta olhar a história da humanidade para perceber que o mundo caminha sempre para o melhor. Aliás, isso me deu uma ideia para outro post.

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